terça-feira, outubro 24, 2006

Génese


Já sinto as gotas de água na cara e ainda não é Inverno. Olho para o chão. Calco folhas de árvores que já viram mais na vida delas do que eu na minha. As minhas extremidades estão frias. Frias como a própria morte.

Que sensação estranha. Viver.
Penso muito acerca da estranha e persistente dúvida da génese do nosso ser. Nascer.

Estou quase em casa. Depois de tantas horas a fazer aquilo que me dá comida para a mesa o que me apetece realmente neste momento é estar na posição horizontal, em cima de um colchão e ter o corpo coberto por um quente cobertor, que me faça sentir de novo a ponta dos dedos das mãos e dos pés. A vida miserável é de quem a faz. Faço tudo para agradar mas nem tudo me sorri, o que faz da frase anterior uma verdadeira treta. Eu tento fazer o melhor que posso durante o caminho que percorro, tento agradar a tudo e a todos, tento ser diferente com cada um para que cada um se sinta especial. Mas a vida quando quer ser miserável, é mesmo e pronto. Um dia mau é sempre um dia mau. Espero agora que um sono descansado me traga nos balõezinhos dos sonhos um bom acordar.
Alma número
Alma número