quarta-feira, maio 16, 2007

Pesadelos Intersticiais


Todos os dias vejo as mesmas caras, as mesmas expressões, vivo todas as horas como se andassem continuadamente a carregar no botão replay no meu cérebro, nas minhas memórias mais recentes.
Sinto o cansaço a entranhar-se no meu sistema nervoso central e a alastrar-se para a periferia do meu corpo moribundo. Não fazem sequer ideia do que estou para aqui a escrever mas, bem lá no fundo, a ideia é mesmo essa. O objectivo do incógnito.

Falo com pessoas que transbordam simpatia e apetece-me apertar-lhes o pescoço... Espetar as unhas dos polegares pela carne mole que se aloja por baixo do queixo.
E deixar o sangue escorrer...
Cravar dois murros em cada maçã de adão e ver a boca da vítima a jorrar a substância púrpura com alguma desorganização ventilatória.
Mais uma poça no chão...

Mas que violência desmedida! Estarão os meus guardiões da verdade obscura a abrir a porta que desde sempre conheci fechada? Não conheço os limites da minha mente nem do meu corpo.

Acordo repentinamente.
Adormeci por segundos. Adormeci por tão pouco tempo que nem sei mesmo se adormeci ou se estaria apenas a pensar de olhos fechados. Sinto uma certa confusão por momentos.
Odeio o meu trabalho. Odeio ter a obrigação de dizer Amén por cada vez que um chefe se lembra de me vir chatear a cabeça. Odeio este ambiente de tal maneira que não admira que adormeça em horas de expediente. Consequência de uma cabeça cansada, no limiar da paciência, a resistir à desistência...
Quero ir para casa, de volta para o meu ninho. É nesse sítio especial que me sinto em paz e harmonia. As forças começam a faltar e a vontade de cá voltar já não existe.

Afinal de contas ninguém gosta de ser explorado.

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